Parque Regional de Manutenção da 1ª Região Militar
Por Iberê Mariano da Silva (▪)
4ª parte
d. Material de Saúde
- Introdução
Este relatório visa apresentar as atividades desenvolvidas durante o recebimento, manutenção e entrega do material oriundo da Força de Paz em Angola.
É caracterizado, também, o estado, as dificuldades de identificação e conservação dos equipamentos recebidos.
Destaca-se, ainda, uma sumária descrição dos procedimentos adotados, na manutenção do material.
Descreve-se os passos para colocação em estado de disponibilidade de uma grande parte dos materiais, as limitações, as providências administrativas e os motivos dos defeitos apresentados.
- Desenvolvimento.
2.1 Recebimento do material
.
O material de saúde chegou neste Parque acondicionado em 09 ( nove ) contêineres, sendo 02 ( dois ) com material do BRAENGR e 07 ( sete ) do BRABAT.
Após a descontaminação orientada pelo Instituto de Biologia do Exército , os equipamentos passaram a ser recebidos administrativamente pelo 14º Depósito de Suprimento, e à partir daí sob guarda da Sec Mnt Mat Sau, iniciou-se a manutenção.
Registrou-se como fator de dificuldade de identificação dos equipamentos, a falta de maiores informações nas Guias de Remessa, tais como: Modelo, nº de série, capacidade e até mesmo a duplicidade de aparelhos.
2.2 A Manutenção
Os equipamentos foram retirados dos contêineres por remessa, e em quantidades pequenas, devido a falta de espaço para depositá-los.
Realizada a conferência, o material foi distribuído em 03( três ) lotes, assim discriminados:
a. Material para processo de descarga;
b. Material para pintura; e
c. Material para manutenção pelo técnico, divididos em:
Material aguardando suprimento
Material a ser terceirizado
Para o primeiro lote, após a conclusão da não aproveitabilidade do material ou recuperação inviável, foi iniciado o processo de descarga com a confecção dos Pareceres Técnicos e Termos de Exame e Averiguação do Material, e posterior remessa à 1ª Região Militar para homologação.
Pôde-se observar que os materiais destinados à descarga, em quase sua totalidade foram instrumentais ou componentes de conjuntos de instrumentais não recuperáveis e sem suprimentos adquiríveis.
Pela sua característica tornaram-se inaptos a serem utilizados como peças de uso odontológicos ou cirúrgicos.
O segundo lote dependendo da disponibilidade de tinta e redutor, foi de imediato providenciada a pintura e portanto, colocado os equipamentos em disponibilidade para remessa as Organizações Militares de destino ( 14º Depósito de Suprimento e o Hospital de Campanha ).
No terceiro lote, após análise do técnico, o material dividiu-se em duas classes.
A primeira a que necessitava de suprimento, em que alguns casos a própria seção dispunha e em outros providenciava-se pedidos para o Setor de Aquisição.
Na segunda foram colocados equipamentos que por falta de familiaridade e danos no transporte, foi julgado necessário sua terceirização.
Pode-se citar: equipamentos de raio X hospitalar, autoclaves e processadoras de filmes radiográficos.
Pode-se concluir que a necessidade de reparos de muitos aparelhos, deu-se devido a situação do uso intenso do material em campanha, sendo que alguns acrescidos ao uso anterior ao envio para Angola.
Outros aparelhos como Bisturi elétrico, foram recebidos sem o seu kit para teste, dificultando a verificação do seu perfeito funcionamento, havendo necessidade de adquiri-los.
Verificou-se que alguns equipamentos tornaram-se indisponíveis, por não terem sido utilizados adequadamente e por não terem sido embalados corretamente para transporte no retorno.
2.3 Materiais descarregados
Como já mencionado não houve descarga de equipamentos sofisticados no material gestão – Diretoria de Saúde.
Quase que em sua totalidade entraram no processo apenas instrumentais que por serem de uso odontológico ou médico e devido seu estado não apresentavam condições de uso.
2.4 Terceirização
A terceirização se fez necessária a partir da constatação de alterações nos equipamentos, que não permitiam a Sec Mnt Mat Saude com seu pessoal e limitado conhecimento destes aparelhos, sanar ou superar seus defeitos.
Tratava-se, neste caso, de equipamentos sofisticados e necessitando de alto grau de especialização de técnicos e oficinas.
No total atribui-se a empresas independentes 06 (seis) aparelhos, que por apresentarem graves defeitos possivelmente contraídos durante o transporte, não foi possível saná-los.
Os aparelhos nestas condições foram:
03 (três) aparelhos de raio X hospitalar;
0l (uma) processadora de filmes radiográficos;
01 (um) microscópio binocular; e
01 (um) autoclave hospitalar.
2.5 Material excedente e em duplicidade
Material nas condições de duplicidade, foi guiado e remetido para as OM de destino.
Na relação dos excedentes muitos foram utilizados para completar os equipamentos que tinham similares com defeito.
Cita-se como exemplos: fluxômetros, manômetros de mercúrio e ressuscitadores utilizados nos aparelhos de oxigenoterapia.
2.6 Dificuldades de suprimentos.
Algumas foram as dificuldades constatadas:
A falta de manuais para identificação correta dos dados necessários a aquisição do suprimento, em muito dificultou os trabalhos, principalmente porque houveram aparelhos que estavam sem seus componentes, impedindo até mesmo de montar um mostruário.
Nas mesas cirúrgicas, o problema enfrentado foi identificar a localização do seu fabricante e posteriormente adquirir o suprimento fora da área do Rio de Janeiro.
Muitos equipamentos não estão no mercado, inclusive seu fabricante não é localizável, sendo quase que impraticável a aquisição do suprimento.
2.7 Material de consumo
Materiais de consumo foram analisados.
Quando nas condições abaixo foram separados para serem incinerados:
ao apresentarem seus prazo de validade vencidos foram retirados dos seus conjuntos e estojos;
ao considerar-se a situação em que estiveram durante a missão de paz submetido a altas temperaturas; e
acondicionados nos contêineres, onde foram submetido a altas temperaturas não compatíveis com a garantia de qualidade do produto.
Muitos também por serem frágeis quebraram provavelmente durante o deslocamento.
A autorização para incineração dos materiais de consumo foi solicitada por este Parque ao Escalão Logístico, através do Ofício nº 141-DT/SAU, de 15 Abr 98 e atendida com o Ofício nº 359-SSSR/1-ME, de 05 Mai 98.
2.8 Importância dos militares à disposição do Pq R Mnt/1
Em muito colaborou a presença dos militares que prestaram apoio nesta seção, onde os mesmos com conhecimentos em instrumentais odontológicos e cirúrgicos, auxiliaram na identificação e conferência desses conjuntos de instrumentais.
Cita-se, ainda, o apoio dado por profissionais na área de eletrônica e mão-de-obra para descarga, preparação, pintura, embalagem e transporte dos aparelhos cedidos por outras seções e OMs.
- Conclusão
Com 95% do material manutenido e entregue no seu destino, a Seção de Manutenção de Material de Saúde praticamente encerrou no período de 01(um) ano a colocação de todos os equipamentos em disponibilidade.
Foi um período de intensos trabalhos associando manutenção em materiais oriundos da Força de Paz, manutenção nos equipamentos das OM apoiadas e o apoio direto realizado por equipes móveis sempre que solicitado.
Continua na 5ª parte
(*) General-de-Brigada Engenheiro Militar Veterano, AMAN Mat Bel 67, Pqdt Militar, Mestre Salto, Guerra na Selva, Graduado (Eng Eletrônica) e Pós-graduado MSc (Nuclear) pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e pela École Nationale Supérieure de l’Aéronautique et l’Espace (França) , diplomado pelo Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (CPEAEx).