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Lembrança 04

Corria o ano de 1969.

Eu era 2° Ten, e servia na 12^ Cia MB, recém criada em Manaus.

Em Cucui, comandava o Pelotão, um colega da turma 67 de Inf, o Rodrigues.

Não havia internet, satélite ou outro qualquer meio de comunicação não fora um rádio.

O Pelotão estava sem médico.

Havia na época uma tal de MMI ( missão de misericórdia) da FAB, que em qualquer circunstância abandonava a missão em que estava e ia atander a MMI.

Em Cucui, o Ten Rodrigues comunicou que lá havia um caso de apêndice supurada.

O avião mais próximo estava em Belém.

Só amerrisava na área Catalina ou Albatroz.

Então rapidamente, como tudo no CMA, foi reunido na sala do radio, o qual eu fiquei encarregado, uma equipe de médicos e anestesista do HGeMa, com seu ferramental.

Eles pediram para o Rodrigues descrever a sala em que estava.

Isto tudo feito por radio.

Em Cucui havia todo equipamento para operação.

Na mesa do lado de cá pegava-se um instrumento e colocava-se na mesa e descrito o instrumento para o Tenente Rodrigues, ele fazia o mesmo no lado de lá.

O instrumento era então numerado por 1.

Assim foram feitos por tudo que os médicos e anestesista necessitariam.

Após isto, na cama do lado de cá, foi colocado um militar na mesma posição que estava o paciente do lado de lá.

Começou a operação por ordens do anestecista.

Para ficar mais real, até o militar do lado de cá foi anestesiado.

Após, entraram os médicos em ação, que até máscara e avental estavam.

Até eu, pois tinha o cara que operava o radio do lado de lá como meu espelho.

A operação foi se seguindo, desde a marcação com mercúrio cromo , tanto do lado de lá como lado de cá, aonde seria feito o corte com bisturi.

Toda operação remota, feita pela primeira vez no Brasil transcorreu sem acidentes.

Nota, o militar do lado de cá, não foi operado.

Tudo deu certo e foi salvo o paciente.

Duvido que exista hoje, nos nossos anais, qualquer menção ao fato.

Ah! O Rodrigues mais tarde fez uma cesariana, mas esta eu não participei.

Gen Bda Eng Mil Veterano Iberê Mariano da Silva – Engenheiro Eletrônico e Nuclear – AMAN – CPEAEX —  Turma 1967 – Material Bélico